São Paulo – Uma nova patente conseguida pela Amazon nos Estados Unidos está deixando fotógrafos irados e provocando debates sobre os limites na concessão de registros de propriedade intelectual. A companhia obteve do órgão competente nos EUA a patente para seu “arranjo de estúdio” para fotografias com fundo branco.
A reposta positiva foi dada à empresa pelo escritório de marcas registradas do país (USPTO, na sigla em inglês) em março, mas o caso só foi descoberto na última semana pelo blog DIY Photography.
Os fotógrafos só não estão mais preocupados porque a patente da Amazon para um fundo branco “sem costuras” é extremamente específica.
As nove páginas do processo 8,676,045 (que podem ser vistas ao final) descrevem a posição exata e o tipo dos refletores, da câmera, o ISO correto, a abertura das lentes e outros inúmeros detalhes.
O esquema desenhado no processo, porém, foi chamado pelo site Techdirt de “muito parecido com qualquer foto de estúdio na história das fotos de estúdio”.
Já quem procurar na internet, como sugeriu o site CNET, vai encontrar ainda centenas de tutoriais ensinando como tirar fotos com fundo branco.
Na justificativa do processo, a Amazon afirma que sua técnica, diferentes das que a precederam, permite que o efeito branco seja encontrado sem ter de passar por qualquer ”retoque de imagem, pós-processamento, técnicas de ‘tela verde’ ou outros efeitos especiais de imagem e manipulação de vídeo”.
“Às vezes, sinto que o sistema de patentes é desprovido de senso comum”, reclamou ao site britânico The Register o advogado da Electronic Frontier Foundation, Daniel Nazer.
A Amazon havia entrado com o pedido em novembro de 2011 e até agora não se pronunciou sobre a razão para fazê-lo.
Na internet, fotógrafos não expressam nenhuma preocupação real de que a empresa queira garantir a proteção da sua propriedade intelectual.
Primeiro, porque seria difícil provar que alguém a infringiu apenas olhando fotografias de fundo branco. Além disso, ninguém precisa realmente copiar o esquema detalhado nas páginas enviadas ao USPTO.
O debate maior, segundo especialistas em inovação e tecnologia, é até que ponto o criticado órgão americano seguirá registrando patentes de processos simples ou já amplamente utilizados.
Patente “Arranjo de estúdio”, da Amazon
FONTE: Exame / Abril